Em cerimônia budista, mortos são lanternas e passarinhos de origami caem do céu
Naiane Mesquita/Campo GrandeNews
O cheiro de incenso é forte ao entrar na pequena sala da Sociedade Budista Nambei Honganji de Campo Grande. Leva poucos minutos para acostumar ao ambiente, com velas de papel vermelhas e passarinhos que caem do céu em formato de origami. No centro há um altar para Buda e livros são entregues aos que vão participar do Rito de Obon, uma homenagem aqueles que já partiram das nossas vidas. No domingo, o Lado B foi conhecer o ritual.
Ao abrir o caderno de sutras, a primeira impressão é de que tudo está em japonês, mas há a tradução para os brasileiros, os descendentes ou que sempre estiveram aqui. A sociedade é aberta a novos frequentadores, que desejam conhecer a escola mais profundamente. O ritual que foi realizado na tarde de ontem, pontualmente às 14 horas, é uma homenagem aos entes queridos que se despediram dessa vida.
Por isso, em cada vela de papel há um nome, de um lado de quem faleceu, do outro de quem presta a homenagem. São filhos, netos, irmãos, dezenas espalhadas pelo salão e do lado de fora. No centro, três monges budistas iniciam a cerimônia. Ao contrário do que é mostrado em filmes e em outros momentos da religião, eles não vivem exclusivamente em mosteiros e podem até mesmo ter famílias.
O presidente da sociedade, Ricardo Ito, 35 anos, explica que a cerimônia é como um Dia de Finados brasileiro. “Nós começamos uma recitação de sutras da nossa escola, logo em seguida há uma palestra, a cerimônia toda dura em média duas horas. Tem um momento muito bonito em que um tambor é colocado no centro e as senhoras realizam uma dança ao redor, a que chamamos de Bon Odori”, explica Ricardo.
Segundo Ricardo, é interessante frisar que assim como em outras religiões, o budismo tem diversas escolas. “Há 84 mil sutras que foram repassados por Buda, cada escola segue alguns desses sutras. A nossa é a Verdadeira Terra Pura”, frisa.

Uma das partes mais bonitas do ritual é quando os monges convidam os presentes a tocar no incenso no centro da mesa. “O incenso é em oferecimento aqueles que já partiram”, descreve Ricardo. Segundo a história que rege o Bon Odori, as ofertas começaram quando um dos monges perdeu a mãe e começou a ter visões de que ela estava presa nesse mundo, com fome e sede. “Ele tentou alimentá-la mas não conseguia. Implorou para que ela dissesse o que precisava ser feito e então ela pediu que ele alimentasse os outros monges. Feito isso, ela conseguiu ir. De tanta alegria, ele dançou, o que é reproduzido também hoje”, descreve.
Na hora da confraternização há espaço tanto para o espetinho brasileiro quanto para a marmita japonesa, chamada de obentô, por R$ 15,00. Quem quiser conhecer mais sobre a religião, há reuniões realizadas semanalmente no espaço, que fica na rua Carvalho, 319, bairro Cidade Jardim.
Fotos: Fernando Antunes/CampoGrande NEws
A repórter não entendeu alguns itens, têm erros de digitação e interpretou algumas coisas equivocadas da cerimônia.
1. “passarinhos que caem do céu em formato de origami”: os origamis no templo são apenas decorativos… não tem nada haver com o Obon;
2. “um dos monges perdeu a mão e começou a ter visões”: na verdade em vez de mão é mãe;
3. “há reuniões realizadas semanalmente no espaço”: os encontros são mensais
Os tsurus que estavam no templo são apenas decoração e não fazem parte do Rito de Obon. Sobre o monge que perdeu a mão, na verdade é mãe e não mão… foi erro de digitação. 🙂
Obrigado Ricardo Ito, vamos corrigir! Obrigado.